Numa tarde de sábado .....
Da árvore que agoniza , corujas
observam o hoje asfalto, que outrora fora mar. Para elas só restou o cepo.
Como que ensaiando, um anônimo pedala, onde
amanhã estarão homens
e mulheres, desafiando seus limites, se pondo a prova, e medindo sua capacidade de
resistir. Seres feitos de “ferro”.
A poucos metros , homens simples, tiram seu sustento executando uma tarefa rudimentar da atividade humana, a cata do
berbigão. A mesma que, provavelmente,
Dias Velho presenciou os indígenas realizarem ao aportar nesta ilha, a qual chamou Nossa
Senhora do Desterro.
Do outro lado, máquinas trabalham
em ritmo acelerado, duplicando estradas, construindo acessos, com o intuito de
destravar o trânsito, que irracionalmente o homem fez assim, colocando em risco
a existência das corujas, a sobrevivência dos catadores, em nome do progresso.
Inexoravelmente isto vai acontecer e todos ficarão satisfeitos, livres das
intermináveis filas.
Do lado de cá, estamos nós, sob o
olhar desconfiado das corujas, e dos catadores, procurando registrar tudo o que,
no amanhã, não mais poderemos ver. Por
isto a importância da fotografia. Sorte
da lua, que de tão longe, e árida, não possui engarrafamento ... Ainda.
Excelente Dr. Ronaldo!!!!!!
ResponderExcluirDuas fotos de sonho, querido amigo: a parede e os tijolos, e a da lua com a maré vindo... Penso, ao ler e ver teus relatos, que a angústia tem um bem, gerar poesia. Bj, aproveita aí...
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