De Cima da Laje

Os Escolhidos e os Excluídos

Nosso projeto é um livro de fotografias para pessoas que gostariam de entender um pouco mais sobre a tomada fotográfica e que adoram ver fotos bonitas. E que amam Florianópolis, como nós amamos. Quando lançarmos o livro, teremos fotos convencionais, fotos artísticas e dicas interessantes sobre como foram feitas as fotos: o espírito e a técnica, indissociáveis.
Neste final de semana, recorremos a um clássico da cidade: não, não é Avaí e Figueira, é o Mirante do Morro da Cruz. Um lugar lindo e que nem sempre pode ser visitado, porque dá acesso a N subidas de morro, e como é sabido, equipamento fotográfico é muito caro para ficar correndo o risco. O local não é policiado e os banheiros públicos estão com o chão lavado de cagalhões, perdoem-me o termo.
Uma das vistas mais bonitas da cidade e o abandono é gritante e fétido. Vale dizer que o Secretário Estadual de Turismo (até março) é agora candidato a prefeito: fica a dica...
Levamos conosco um policial para assegurar nossa integridade física e dar-nos sossego.
Pelas tantas subimos uma laje, de uma das muitas casinhas de cimento das torres de TVs e Rádios que estão por lá. Ficamos fotografando e curtindo a laje. Pelas tantas chega um cidadão bradando direitos sobre sua moradia, que não podia nem sair e já apareciam pessoas... etc. O nosso amigo 'guarda-costas', desceu da laje e foi postar-se à entrada do portão do cafofo, afastando o casaco e dando mostras de que estava armado. Nada aconteceu. Tive medo e depois tive calma, a calma de estar segura, eu e meu grupo.
Em seguida, eu que estava gripada, mergulhei numa reflexão que me fez lembrar a música do João Bosco, Malabaristas no Sinal Vermelho. Onde estão, como vivem e como são julgados os excluídos das grandes cidades.
Eu e o Fotomotriz seguimos alegres fotografando por lajes e subsolos, mares e ventanias.

E o povo... O povo quer comer...

O que concluo?
Como ungidos com a graça e a alegria de sermos sobreviventes e termos um dom, temos o compromisso social da Retribuição, que seria, de alguma forma, colocar uma parcela do que temos à disposição da sociedade.